O pior surdo

É tempo de escutar.

As palavras,

Os pensamentos,

As necessidades e os anseios alheios.

O ouvir é passageiro.

Qualquer um com uma boa audição consegue,

Mas o escutar,

Ah, o escutar,

Esse não!

Precisa de compreensão, exatidão, interpretação.

Pode ser uma aliteração, assonância, paronomásia ou mesmo uma onomatopeia,

Se ouvidas e não escutadas, não são mais do que meras palavras.

E talvez seja por isso mesmo que o mundo está assim.

Todos querem falar, argumentar e escrachar suas ideias,

Mas ninguém quer escutar.

Ninguém compreende,

Ninguém entende.

Como pode a raça humana evoluir se perde a capacidade de escutar?

Se seu próprio semelhante é incompreensível,

Que dirá discernir o planeta a clamar?

Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver.

Do que podemos chamar, então, aquele que não quer escutar?

A seleção

Olá, pessoal! Como prometido, aí está o poema que eu me atrevi a escrever para apresentar no nosso encontro de escritores e leitores. Espero que gostem!!!

O vírus passa.

De mão em mão,

De coisa em mão,

De pessoa para pessoa.

Passa, de pessoa em mão.

Passa…

Isolamento se faz necessário.

Tempo de reflexão,

Solidão,

Planejamento ou simples espera?

Será regra?

Ou simples capricho de quem governa?

A economia não aguenta,

A vida anseia.

Mas mesmo com todas as adversidades que nos rodeiam,

De ministro em ministro,

Somos notícia negativa na mídia estrangeira.

E a economia? Será que com isso também não bambeia?

Não podemos parar!

Saiam as ruas! Não tenham medo.

Afinal temos um remédio milagroso.

A imunização de rebanho será nossa salvação!

Serão 2/3 da população infectados,

Dos quais, somente 1% serão descartados.

Mas, e daí?

Somente perecerão os mais debilitados.

Os fortes continuarão.

Isso não é seleção?

Natural.

Evolucionária.

Seria essa nossa soberania

ou pura e simples eugenia?