Iris – 4 anos atrás

Este é o resumo do post.

A fileira de carros ao meu lado começou a andar um pouco, para logo em seguida parar, provavelmente em breve seria minha vez de andar, por isso engatei a primeira e fiquei esperando com o pé no pedal para poder avançar mais um pouco. Estava parada no trânsito da Marginal voltando do Instituto para casa no final da tarde de quinta-feira. Eu sabia que deveria ter esperado mais um pouco no trabalho antes de tentar a sorte justamente no horário de rush da cidade, porém a vontade de estar logo em casa falou mais alto. Não que isso fizesse alguma diferença nesse exato momento! Precisava me distrair, ficar estressada com o trânsito não melhoraria em nada minha situação. Aumentei o volume do rádio, abaixei o vidro da janela e comecei a cantar bem alto a música que tocava de meu pendrive, quem sabe assim as pessoas se assustariam com a minha péssima afinação e abrissem espaço para que eu passasse? O pensamento me fez rir. A fileira começou a andar mais um pouco. Ótimo! Minha estratégia já estava surtindo efeito, só mais algumas notas desafinadas e eu estaria em casa. O trânsito parou novamente. A quem eu queria enganar? Nesse ritmo minha seleção de músicas acabaria muito antes de eu conseguir chegar ao meu destino.

Fazia pouco mais de quarenta minutos que eu finalmente havia chego em casa, estava agora sentada no sofá comendo uma lasanha congelada enquanto trocava de canais a procura de algo interessante para assistir. Um reality show, uma novela, um filme repetido, uma partida de futebol, outro reality, sempre só um pouco mais do mesmo. Continuei zapeando até que um documentário desses canais científicos despertou meu interesse. Era mais um desses programas que falam um pouco sobre o universo, isso por si só já teria chamado minha atenção, porém eles explicavam, de um modo geral, a transferência de fluxo, assunto que já estava querendo saber um pouco mais sobre. Acabei deixando no canal. O narrador transcorria sobre o evento de uma forma envolvente enquanto eram mostrados exemplos do fluxo de partículas na tela. Enquanto assistia aquilo me lembrei de uma conversa distante que tive com meu melhor amigo e, de repente, como um estalo, não sei se fora a lembrança, o programa, ou a mistura dos dois, uma ideia surgiu em minha mente. Entusiasmada, larguei a lasanha de lado, peguei o notebook e comecei a pesquisar mais sobre o assunto abordado na televisão. A cada matéria ou artigo que lia mais ansiosa eu ficava. Comecei a fazer anotações e fluxogramas rabiscados para exemplificar todas as ideias que estavam pipocando sem parar na minha cabeça. Perdi a conta do tempo, enquanto passava de um site para outro, adicionando mais conteúdo a minha pesquisa. Aquilo era genial! Como eu nunca tinha feito aquela associação antes? Seria possível? Não aguentando mais a empolgação, peguei o telefone e disquei o número que já tinha gravado como meu primeiro contato.

– Rafael, você não vai acreditar! Lembra daquela discussão que tivemos sobre viagens interplanetárias? – Minha voz soava estridente tamanha era minha animação.

– Sério que você quer falar disso agora? – Rafael disse sonolento do outro lado da linha.

– Rafael, eu acho que tenho uma teoria! – Sua falta de interesse não abalando nenhum pouco meu estado de ânimo.

– Iris, sério, você sabe que horas são? Vamos nos encontrar em poucas horas, não poderia esperar até lá para me dizer o que quer que seja? – ele disse rabugento. Fiquei com um pouco de raiva por ele não estar me dando à devida atenção, olhei o relógio do computador em um impulso e vi que já passavam das 3 horas da manhã. Senti-me um pouco constrangida, eu realmente havia perdido a noção do tempo! Mesmo assim não me dei por vencida.

– Tudo bem, pode voltar a dormir. Mas estou te passando os dados por e-mail agora e assim que chegarmos ao instituto, conversaremos – disse urgente.

– Deve ser uma novidade e tanto para justo você, a senhorita estressada, estar desse jeito! – ele disse já deixando o mau humor de lado e achando graça da minha animação.

– Acredite meu amigo, essa ligação ficará para a nossa história! – disse com convicção. Rafael começou a rir do outro lado da linha.

– Tudo bem, Iris – ele disse ainda rindo. – Até daqui a pouco então. Boa noite!

– Boa noite, Rafael. – Desliguei, ainda com um sorriso no rosto.

Fiquei mais um tempo pesquisando só para formular minha criação e depois resolvi aproveitar as poucas horas de sono que ainda me restavam antes que o despertador tocasse. Fui deitar ainda pensando em minha teoria. Sim, aquilo ficaria para as nossas histórias.

Uma consideração sobre “Iris – 4 anos atrás”

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