Diário de um Cão – Nossa mudança e uma surpresa…

Olá, diário! Faz um tempo que eu não me aventuro por aqui, mas é que andei muito ocupado cuidando da minha mãe (isso será história para capítulos futuros). Onde que eu havia parado os meus relatos mesmo? Ah, sim! Minha nova casa. Pois bem, eu achei que a vinda da minha irmã para nossas vidas seria a última surpresa que eu presenciaria nessa minha saga de cachorro e que, a partir daquele momento, seríamos eu, mamãe, meus avós e ela. Mas, se tem uma coisa que eu aprendi sobre os humanos nessa altura da minha vida é que eles não são seres constantes.

                Uma vez, antes mesmo de a Lilica vir morar conosco, a mamãe e a vovó me levaram para visitar um lugar muito estranho. Nós tivemos que entrar em uma caixa de metal para chegar lá. E, apesar de ela ser uma caixa mágica, já que fechou a porta em um lugar e abriu em outro, eu fiquei morrendo de medo daquele negócio. O lugar ficava em um corredor cheio de portas iguais e Imaginei que cada uma nos levaria para quartos diferentes, assim como era lá em casa. Mas qual não foi minha surpresa quando mamãe abriu uma delas e havia uma moradia inteira lá dentro? Ela me colocou no chão e eu paralisei de medo. Que lugar estranho era aquele? Mamãe repetia para que eu andasse e explorasse o lugar, pois ali era a nossa casa. Aquilo definitivamente era uma casa e tinha o cheiro da minha humana. Mas, não era o nosso lar. Coitada! Mamãe estava endoidando. Mal eu sabia que aquele lugar realmente seria nossa futura casa. Só minha e dela. Pensando bem agora, mamãe já devia estar planejando aquilo há muito tempo. E foi em Outubro de 2020 que minha irmã ficou com meus avós e eu e minha mãe nos mudamos para a casa da caixa mágica.

Fiquei com medo de que eu não fosse gostar da nossa casa nova. Mas, a verdade é que eu me adaptei muito bem ao lugar. Afinal, o que teria para eu não amar? Eu tinha uma caminha, pratos, brinquedos, tudo novo. Um sofá e uma cama grande só para mim e minha mãe. E o mais importante de tudo, eu tinha ela. Estando mamãe comigo, qualquer lugar era um lar. De minha parte, fiz algumas melhorias que achei necessárias. Carimbei meu cheiro no sofá, fazendo um trabalho exemplar com o meu xixi em todas suas pontas. Nem a tonelada de produtos que a mamãe passou para estragar minha obra de arte deu jeito. Ela pode não sentir, mas eu sei que meu odor está lá. Também roí os rodapés de madeira da sala e a beirada da cama da minha mãe. Ficaram muito melhores assim! Autenticidade é tudo nessa vida. Seguindo essa lógica, abri buracos no pano que minha humana coloca em cima daquilo que ela chama de privada e arranquei o bico do passarinho que tem no tapete do banheiro. O lugar já era bom e bonito, mas depois que dei todos os meus toques, aquilo ficou parecendo ainda mais com um lar de verdade. Não sei por que eu fiquei tão preocupado com essa mudança. Era o mundo perfeito! Eu continuava vendo meus avós e a Lilica quase todos os dias, já que minha mãe e o vovô tem uma empresa juntos e eu vou todo dia trabalhar com eles. E, à noite, eu tinha um espaço só para mim e atenção exclusiva da minha mãe. Além disso, nós começamos a passear muito mais e a visitar lugares que antes não íamos, como: parques, restaurantes e cafés.

                Depois de perceber que a vida estava melhor dessa maneira, minha preocupação se voltou para meus avós. Achei que eles deveriam estar sentindo muito a minha falta, afinal quem os estava protegendo na minha ausência? Ninguém, afinal, minha irmã era uma estabanada que só tinha tamanho e não latia para nada. Ela nunca teve noção dos perigos que se escondem atrás de um rodo, uma vassoura, uma porta fechada ou algo fora do lugar. Por isso, esforcei-me para cumprir minhas funções durante o dia, pelo menos nesse período eles não correriam risco. Mas, à noite, não tinha o que fazer. Eles estavam desprotegidos. Esse pensamento me cercou por meses depois de nossa mudança e eu comecei a ver meu serviço como uma obrigação. Até que, em um belo dia, cheguei para trabalhar e me deparei com uma baixinha folgada, chamada Mel. Não consegui acreditar no que meus olhos viam: vovó e vovô haviam me substituído…

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