Ela e Ele – Um encontro mais

Ela chegou do trabalho e foi correndo tomar um banho. Estava ansiosa. Não era o primeiro, e nem o segundo encontro, porém a empolgação continuava a mesma. Já sabia que roupa vestir, que sapato usar, que maquiagem fazer. Desta vez quem tinha escolhido o programa fora era. Um cinema, um jantar e talvez, depois, beber alguma coisa. Simples, mas não se importava, pois qualquer evento com ele era animado.

Ele deixou que ela passasse para sentar-se e depois fez o mesmo. O filme escolhido não era muito seu estilo, mas quem se importava? No final acabaria sendo bom de qualquer jeito! Só por estar com ela. Subiu o braço da poltrona, abraçou a moça e fez com que ela se acomodasse em seu ombro. Colocou o balde pipocas em seu colo e se preparou para as duas horas de filme em sua companhia.

Ela sabia que ele iria adorar o restaurante, pois, apesar de não estarem há tanto tempo juntos, já havia aprendido alguns de seus gostos. Entrada, prato principal e sobremesa; fora tudo maravilhoso! Melhor ainda foram as horas de conversa que tiveram. Sempre tão interessantes e produtivas! Ainda ficava sem jeito em alguns momentos, mas, agora, na grande maioria das vezes, já conseguia ser ela mesma, pois sua confiança na relação crescia a cada dia.

Ele já não precisava de mais nada, mas aceitou ir a um barzinho com ela só para que a noite não acabasse tão cedo. Pediu uma cerveja para ele e um drink para sua companhia. Tinha quase certeza que ela adoraria aquela bebida. Um rapaz com um violão enchia o ambiente com suas melodias. Era engraçado vê-la se controlar, e falhar, para não cantar junto com suas músicas preferidas. Era ainda mais fascinante descobrir quais eram essas canções!

Ela admitia que, talvez, tivesse bebido um pouco mais do que devia. Mas, se não fosse assim, quiçá não tivesse tido coragem de fazer o convite que tanto queria. Estava com ele a caminho de um lugar mais reservado para passarem a noite juntos. Tinha borboletas na barriga. Parecia que era a primeira vez que fazia aquilo e, de certo modo, até era. Afinal, nunca havia vivenciado um sentimento como aquele que o rapaz sentado ao seu lado lhe despertava. Não via a hora de chegar! Queria muito que ele fosse dela e vice-versa.

Ele entrou no quarto e esperou alguns minutos até que ela se sentisse confortável. Estava nervoso, mas isso era porque nunca teve tanta certeza do que queria como naquele momento. Começou a beijá-la e deixou que o sentimento os levassem até onde quisessem. Não teve pressa ou anseio, mesmo com todo o fogo que sentia naquele instante. Mais do que saciar o desejo, queria sentir aquele momento ao lado dela. Ela seria dele e ele dela.

Eles ainda terão muitos encontros e desencontros pela frente. Momentos tão bons quanto este e alguns não tão agradáveis assim. Contudo, ali abraçados naquela cama, a certeza de que tudo sairia perfeitamente bem lhes preenchiam. Pois exalavam a paz que só os amantes mais promissores conseguem ter.

Do Ventre

Quinta Semana

Era escuro, úmido, tinha tanto espaço! Onde eu estava? O que estava fazendo ali? O que eu era? Não sabia, tinha acabado de criar consciência. Sou uma forma estranha de vida. Transparente com uma calda. Há coisas diferentes se formando dentro de mim.

Nona Semana

Minha calda sumiu. Agora tenho braços e pernas, coisas finas e compridas que se estendem no inferior e nas laterais de meu corpo e terminam em cinco pontas ainda mais delgadas que eles, meus dedos. Tem duas coisas pontudas nascendo nas laterais de minha cabeça. O que serão elas?

Décima Semana

Minha forma mudou completamente! Meu rosto está se moldando e coisas estranhas começam a crescer em minha boca. Dentro de mim tudo está tomando forma. Meus dedos não têm mais aquela membrana fina entre eles, ficaram ainda mais finos. Estou orgulhoso! Eu era um ser com calda e agora sou um feto. Seja lá o que isso quer dizer!

Décima Segunda Semana

Rins e bexiga funcionando. Saiu um líquido estranho hoje de mim! Achei que isso não era certo, então o engoli novamente.

Décima Quarta Semana

Meu rosto está tão engraçado! Aprendi que as pontas nas laterais são as orelhas e, assim como meus olhos, elas estão em seus devidos lugares. É tão divertido que me dá vontade de fazer caretas!

Entre Quinze e Vinte Semanas

Já me acostumei com o espaço escuro e úmido, até gosto! Porém, está ficando cada vez mais apertado aqui dentro. Agora consigo sentir que este lugar é bem quentinho, isso é gostoso! Ouço sons. Tem um batimento dentro de mim que não para. E o mais engraçado é que escuto um do lado de fora também! Meus braços e pernas estão ficando mais firmes, algo dentro deles está mudando, deixando-os mais duros. Sabe o que mais? Agora eu consigo chupar meus dedos! Não é demais?! Está tão apertado! Opa, acho que me estiquei além da conta e acabei chutando alguém.

Entre Vinte e uma e Vinte e oito Semanas

Sou o rei do mundo! Meus sentidos estão a mil. Consigo tocar, sentir, engolir e até tenho soluços. No começo, eu abria meus olhos, mas nada conseguia ver. Agora isso mudou, enxergo luz! Ouço tantas coisas! Os batimentos continuam e, com eles, há vários sons externos. Tem uma voz que sempre fala comigo, diz coisas como: eu te amo, não vejo a hora de você estar aqui comigo, meu pequenino. Não sei o que nada disso significa, mas gosto muito dessa voz! Somos amigas. Sinto paz com ela.

Trigésima Sétima Semana

Minha pele está mais lisa e eu virei de ponta cabeça. Isso não é nada confortável! Alias, está muito, muito apertado por aqui! Quase não há espaço para mim. Na verdade, não estou me sentindo tão bem. Acho que tem algo de estranho acontecendo! Estão me empurrando, mas para onde? O líquido soltou e parece que quer me levar junto com ele. Não quero ir, estou com medo! Definitivamente estão querendo me tirar daqui. Voz, cadê você? Por favor, me ajude!

É tão grande, claro e frio! Que lugar estranho é esse? Eu quero minha casa! Coloquem-me lá dentro de novo! Onde estou? Sinto tanta coisa diferente! Quanto medo! Estou sozinha? Voz, cadê você? Ajude-me, por favor!

– Oi, querida! É a mamãe.

Espere um momento, eu reconheço esse som! Voz! É você? Voz, você está aqui? Cadê você? Graças a Deus o frio passou! Não sei onde estou, mas é quentinho e aconchegante. Estou com uma sensação tão familiar! Parece que, finalmente, voltei para casa. Abri meus olhos.

– Oi, Clara! Bem vinda ao mundo! – Nossa! Quem diria que a voz tinha um rosto como o meu? Ela é bonita! Mamãe. Minha mãe! A voz sorriu e eu, sorri de volta.

Mesa Redonda

Aquele era mais um dia importante. Na verdade, para Brás Cubas, todos os dias em que se reuniam para deliberar a aquisição de um novo membro ao clube, eram de suma importância. Estavam todos presentes, bem, quase todos, pelo menos tinha seu lugar a mesa, já sua presença, era complicada.

– Podemos começar? – disse ele que, mesmo sem estar lá, mediava a discussão.

– Antes de qualquer coisa, alguém poderia me explicar por que sempre é o póstumo que tem a palavra final em nossas decisões? – A boneca, de cabelos de panos vermelhos e amarelos, vestida em seu traje colorido, estava irritada. Para ela, nada daquilo era necessário. Se o novato cumpria a todos os requisitos, para que deliberar sua participação?

– Quando conseguir contar sua história após sua morte, conversaremos sobre o assunto – comentou a mulher que desde o nascimento carregava olhos de cigana oblíqua e dissimulada.

– Se o critério para tal cargo são os feitos, talvez a mediadora disso tudo devesse ser você, Capitu. Afinal, é preciso muita destreza para deixar todos na dúvida sobre uma simples traição – a boneca de pano retrucou. Uma mulher que, até então, estava quieta em seu canto somente datilografando tudo o que era discutido, trocou um olhar de dúvida com os presentes.

– É prudente discutir este tipo de assunto na frente da criança? Devo relatar o acontecido em ata? – perguntou com seu jeito simples e sotaque puxado. Olhou para o menino que tinha uma panela na cabeça e estava sentado ao seu lado. Ele ria inocente enquanto brincava, alheio a qualquer discussão.

– Não será preciso constar em ata. – Macabéa acenou com a cabeça e continuou a dedilhar em sua máquina de escrever. Brás Cubas olhou para a boneca. – Emília, por favor, estamos aqui para deliberar se Ablon, o anjo renegado, será ou não um membro do nosso clube de personagens da literatura brasileira. Qualquer assunto que não seja pertinente a esta reunião será debatido em outra ocasião.

Emília mostrou a língua para o póstumo, calando-se. Crianças e seus caprichos. O velho cansado balançou a cabeça. Sabia que nunca fora santo, porém, por mais que tivesse aprontado em vida, agora estava ali de bom grado. Não merecia ser questionado. Pediu para que cada um votasse dando sua opinião sobre o assunto discutido. A disputa estava um tanto quanto acirrada, metade da sala defendia a permanência do novato no clube enquanto a outra parte se mantinha fixada às tradições.

– É um personagem de um livro cujo autor é brasileiro. Preenche todos os requisitos, por que não entrar para o nosso clube? – Emília questionava novamente.

– Mas o novato não é um clássico! – um dos personagens de Os Lusíadas indagou.

– E qual é o problema com isso? Você também não era um em sua época.

– Mas agora somos! E isso faz toda a diferença.

A discussão prosseguiu-se por mais algumas horas a fio. Deixar ou não deixar Ablon entrar? Ter somente clássicos ou expandir as raízes do clube? Eram tantos questionamentos, tantas indagações. Capitu olhou ao redor da sala e bufou. Nesse ritmo nunca mais sairiam daquele impasse. Até que um homem, escondido entre tantos outros personagens se manifestou:

– Em minhas andanças eu vi de tudo e conheci muita gente. Descobri verdades que nunca antes me foram ditas e, em contrapartida, que eu acreditava em tantas outras mentiras. Posso afirmar, com toda a certeza, que a literatura de um país não é formada somente de um ou outro estilo, mas de vários. Ela é parte da cultura de um povo e, como tal, se manifesta de várias formas. Não importa se os livros são clássicos, fantasia, poesia, ficção ou romance; se são para adultos, crianças ou simplesmente informativos. No final, todos eles são parte da mesma manifestação cultural. – Capitu reconheceu o rapaz que discursava, era Santiago, o pastor andarilho. Por mais que o mesmo quase nunca aparecesse nas reuniões do grupo, por conta de suas viagens, ela tinha certeza de sua identidade.

A sala ficou em silêncio por algum tempo até que um dos personagens votou a favor da inclusão do novato ao clube, para logo em seguida, vários outros seguirem seu exemplo. Com o pequeno discurso de Santiago o impasse se resolveu. E naquela tarde, Ablon, o anjo renegado, tornou-se um membro do clube de personagens da literatura brasileira. Antes que todos voltassem a suas histórias, Brás Cubas pediu um pouco mais de suas atenções.

– Semana que vem iremos nos reunir neste mesmo local e horário para debater a entrada de outra novata em nosso clube. Os detalhes sobre a mesma estão nos arquivos que lhes entreguei. – Macabéa pegou a pasta que estava em cima da mesa e folheou seu conteúdo.

– Uma astronauta? Aonde iremos parar desse jeito? – Santiago balançou a cabeça soltando um leve sorriso.

– Aonde a imaginação nos levar, minha amiga! Aonde ela nos levar.

Visita 128

Leandro viu a placa indicadora de divisão de municípios passar por seu retrovisor e um frio percorreu por sua espinha. Faltava pouco para chegar ao seu destino. Já tinha considerado a possibilidade de jogar o carro contra um poste ou de uma ponte; uma temporada no hospital com certeza seria uma hospedagem cinco estrelas se comparada ao lugar para onde estava indo. Porém, a ideia, apesar de tentadora, era muito arriscada. Por mais que odiasse estar com a megera em seu habitat natural, não valia a pena perder a vida por isso.

Parou o carro em frente à casa. Novamente os arrepios. Era como se o lugar fosse mal assombrado. Na verdade, para ele, o que tinha lá dentro era pior do que qualquer fantasma sanguinário existente. Respirou fundo. Calma, Leandro! São somente três dias. O que pode acontecer de pior nesse período? Você já sobreviveu a situações semelhantes. Desceu do carro e foi pegar as malas. Escutou passos rastejantes indo até ele.

– Por que demoraram tanto? Eu tinha certeza que do jeito que Leandro dirige isso iria acontecer. Avisei que era melhor virem de ônibus, mas você nunca me ouve!

– Foi o trânsito, mamãe! Não é mesmo, amor?

– É claro que sim. Não me atrasaria por nada desse mundo! Você não sabe como estava ansioso por vê-la, minha sogra. – Ela olhou bem para ele e bufou.

– Sei – disse indiferente e virou para a moça que os acompanhava. – Venha minha filha, preparei uma surpresa. Consegui reunir toda família desta vez, estão todos em casa! – Ela virou para Leandro soltando um riso malicioso, depois puxou a filha pelo braço para dentro da residência.

Todos? Como assim “todos”? Seu coração acelerou, estava sentindo falta de ar. Tinha que admitir que a jararaca era profissional. Atacava, sem piedade, com todas as armas que tinha. Mas isso não ficaria assim! Dois poderiam jogar aquele jogo. Fechou o porta-malas e, com determinação, acompanhou as duas mulheres.

A quem queria enganar? Não era páreo para seu inimigo. Era um exército contra somente ele. Logo que entrou foi recebido por um dos tios, um daqueles que, nunca em sua vida, havia visto sóbrio e que sempre questionava a masculinidade de Leandro toda vez que o mesmo não se juntava a ele em suas bebedeiras. Aliás, a indagação a respeito de sua virilidade não se restringiu somente ao tio pinguço, o tema vinha à tona sempre que dizia que não se interessava por futebol ou automóveis. Até mesmo duas senhoras vieram lhe dizer que estavam orando toda semana por sua alma na igreja por conta de seu problema em não conseguir gerar filhos. Que todos no interior achavam que ele era um vagabundo sustentado pela mulher, Leandro já sabia. Devia a fama a sua querida sogra, que sempre espalhara este boato em toda oportunidade que tinha. Mas ser estéril? Essa era nova! Certeza que poderia creditar essa à conta da megera também. Passaram a noite na casa e acabaram dormindo por lá mesmo. Leandro ficara sem banho naquele dia, pois justamente na sua vez a água acabara, e tampouco conseguiu dormir, afinal o tal tio “bebo todas” lhe fez companhia e o ser roncava mais do que escapamento furado.

Os outros dias foram intensos. Leandro tentou se ocupar com cada tarefa que surgisse: louça, pequenos consertos, e tantas mais. Tudo valia para se manter o mais afastado possível de tão desagradável companhia. Porém nem assim conseguiu se livrar da presença da mulher; que, como uma assombração, sempre aparecia reclamando e dizendo o quanto ele era imprestável.

Finalmente estava arrumando as coisas no carro para sua viagem de volta para casa. Saboreava o doce sabor da liberdade a cada bagagem que colocava no porta-malas. Nem havia sido tão ruim assim, se pensasse com carinho na questão poderia até tirar momentos agradáveis de sua estadia no interior. Não! Maior felicidade do que ir embora era saber que aquilo manteria a mulher por algum tempo longe deles. Respirou, aliviado. Satisfeito, sentou-se no banco do motorista e ligou o carro. Foi quando escutou o baque surdo da porta traseira do carro se fechando. Olhou para trás.

– O que a senhora está fazendo aqui? – disse com espanto, visualizando a mulher sentada no banco traseiro de seu carro com uma mala na mão.

– Resolvi passar uma temporada na casa de vocês. – Leandro não tinha palavras e ainda olhava petrificado para a mulher. – Vamos logo! Quero chegar lá a tempo de assistir minha novela.

Seguindo as pegadas do coelho

– Coelhinho da Páscoa, o que trazes para mim?

– Um ovo, dois ovos, três ovos, assim!

Todos já estão acostumados com os presentes que levo a cada manhã de Páscoa, mas poucos sabem de onde venho e o porquê de recebê-los. Apesar de hoje em dia, aparecer ano após ano na data de celebração da morte e ressurreição de Cristo, a minha existência precede ao cristianismo. Lá no início, quando eu ainda era um filhote e só estava aprendendo as coisas da vida, uma moça me acolheu e criou, chamava-se Ostera, dizia ser Deusa da primavera. Nunca soube ao certo se isto era verdade ou somente uma de suas histórias, mas, na época, todos a saudavam como tal, então acredito que realmente fosse. Éramos muito unidos. Caminhávamos de povoado a povoado assim que começavam a crescer as flores nos campos. E fora com ela que eu aprendera o hábito de carregar ovos para onde quer que fosse, afinal, a mesma sempre levara consigo um exemplar entre as mãos. Época boa aquela! Éramos sempre recebidos com alegria e entusiasmo e as pessoas dos povoados constantemente nos deixavam de presente, ovos decorados. Era sempre um mais lindo do que o outro, com seus desenhos coloridos representando a estação que minha amiga, com tanto orgulho, comandava.

Porém, com o tempo, Ostera se cansara de nossas andanças. Dizia que o mundo mudara e que, em breve, seria chegada a hora de sua partida. Pediu para que eu continuasse com o seu legado, que não deixasse a tradição sumir, como sua própria existência um dia faria. Sem poder negar-lhe seu desejo, honrado, me despedi, e com os ovos parti. Da Deusa nunca mais tive notícias, mas gosto de pensar que hoje, ela esteja descansando em um lugar ensolarado e com muitas flores, do jeitinho que sempre lhe agradou.

Como prometido, levei a tradição a todos os lugares que pude do mundo. Consegui fazer com que sobrevivesse a todas as épocas e circunstâncias, por mais que, em muitas vezes, quase tenha desaparecido. Meu grande marco, com certeza, fora no Concílio de Niceia, afinal consegui fazer com que incorporassem o ritual ao feriado cristão. Comemorei com júbilo a conquista, pois, depois disto, por mais que meus ovos sofressem mudanças ao longo dos anos, nunca mais deixariam de existir. Na época, muitos deles surgiram com imagens de Jesus Cristo e de sua mãe, Maria. Cada um os fazia a sua maneira. No auge da idade média, por exemplo, nobres e reis presenteavam seus entes queridos com ovos de ouro cravejados de pedras preciosas.

Mas agora vocês devem estar se perguntando: “como é que passamos do ouro ao chocolate?”. Devo dizer que tive grande ajuda de quatro povos para incluir a guloseima em minha tradição. Os astecas, maias, espanhóis e franceses. Na época das grandes navegações, os espanhóis trouxeram das Américas um “alimento sagrado”, que era produzido com a semente do cacau. Lembro-me de duvidar que tal iguaria pudesse ser assim tão maravilhosa, porém assim que a provei descobri, que de fato, algum poder sobrenatural ela tinha. A novidade se alastrou rapidamente por todo o Velho Mundo como se fosse uma epidemia. Mas fora somente depois de muitos anos de sua descoberta que, na França, tiveram a ideia de fazer os primeiros ovos de Páscoa usando o chocolate.

Agora que já sabem da minha história e como meus ovos surgiram, eu me despeço, pois preciso correr a planejar a Páscoa do próximo ano.